quinta-feira, 20 de março de 2008

Cada copo em seu lugar

Vamos aos fatos. Você tem uma vida boa. Eu tenho e me orgulho disso. Minha família é especial e, como toda boa família italiana é cheia de amor. Meu marido é muito melhor do que eu poderia imaginar. O que está errado então?

Acontece que muita gente não consegue se acomodar nem com essa atmosfera de calma e felicidade em que vive. Eu me incluo nessa leva de pessoas que sempre quer o melhor, porém, muitas vezes deixa de ver que tudo está muito bem, obrigada. Falo isso, pois sei que reclamo de barriga cheia. Tenho muito mais do que um dia pensei, a começar pelos momentos felizes em família. Quem não gosta de chegar em casa e saber que alguém te espera ou que essa pessoa vai chegar e sorrir em te ver? Quem não gosta de ter a certeza que pode contar com alguém para o que der e vier? Tá certo, os amigos entram nessa elevada classe que estimamos. Aliás, muitos deles correspondem à família que escolhemos, aquela que amamos incondicionalmente. Sim, sou filha única, mas minha família é grande.

Você já pensou em quantas vezes foi injusta com a própria vida? Pense bem. Quase todos os dias reclamo da vida. Das coisas que não consegui realizar. De tudo que ainda quero fazer e não fiz. Mas cada vez mais aprendo com isso. Aprendi, por exemplo, que esperar meu marido pra jantar não é um problema – eu sinto uma fome enlouquecedora à noite – e sim um grande prazer diário. Vale à pena abrir mão de certas coisas que antes eram tão comuns, por simples atitudes. Antes eu comia sozinha e a vida não tinha a mesma graça.

É verdade. Sou bem feliz e sei disso. Claro, muitas coisas ainda não estão do jeito que eu quero, mas tenho muito tempo pra colocar minha cara em tudo. Eu quero, por exemplo, ver todos os meus copos organizados por tamanho e com espaço para pegar, com calma, cada um deles. Eu sou apaixonada por copos. Isso é pedir demais?

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